Juquinha

charlatões de e-book

na última semana, nas horas perdidas nos reels do Instagram, eu comecei a ver os vídeos de uma mulher estadunidense em que ela avaliava vídeos de outras pessoas. mais especificamente, vídeos de lanches comunitários (conhecidos como potlucks) onde cada convidado diz seu nome e qual prato estava levando. ela avaliava convidado por convidado nos vídeos, e definia uma sentença baseada no prato que ele levou - geralmente levando em consideração se foi uma comida caseira ou comprada, e o tamanho da porção. a grande graça é o exagero dela - pessoas que levam um baldinho de frango frito do kfc são sentenciadas ao apedrejamento em praça pública e pessoas que levam um grande frango assado caseiro recebem o título de cavaleiro diretamente do rei charles.

mas, em um dos vídeos que vi, por um breve momento ela saiu do roteiro e falou que, se VOCÊ 🫵 não quisesse ser condenado a morte por sua contribuição de péssima qualidade para o potluck, você deveria comprar o e-book de receitas práticas para preparar que ela escreveu, com o link na bio

e, veja bem, eu não tenho nenhum motivo para achar que ela saberia alguma coisa de cozinha - os vídeos são filmados dentro de uma casa, com ela em uma posição relaxada, usando uma touca de cetim de dormir. ela também raramente comenta sobre a aparência da comida - e as poucas vezes que disse, achei uma opinião equivocada (como dizer que um macarrão estava queimado, sendo que estava apenas gratinado). por que eu acharia que ela tem conhecimento técnico o suficiente para preparar um e-book de receitas?

eu tenho visto isso com cada vez mais frequência - o “influencer” que escreve um e-book sem nenhum cacife para justificar essa produção.

eu considero esse tipo de indivíduo uma versão light do influencer charlatão que vende curso. o charlatão do e-book geralmente não viralizou com intuito de passar a perna nos outros e não tem disposição de organizar um curso inteiro, mas ainda assim quer aproveitar a micro-fama de rede social para tirar dinheiro de trouxa.

mas, se tem gente vendendo, é porque tem gente comprando, e não sei se consigo sentir dó de uma pessoa que está disposta a gastar dinheiro para comprar e-book duvidoso só porque o influencer na telinha do celular mandou. acho que tem que deixar os malandros e os otários se encontrarem para eles não atrapalharem a vida das pessoas normais.

se ficou até aqui, obrigada pela leitura!

#cotidiano #instagram